1996, último ano de estudos na FAUP, fazemos o concurso público para a construção da Nova Aldeia da Luz (Plano de Pormenor, arruamento, infra-estruturas e habitações). Os grandes escritórios estão entretidos com os projectos da expo 98. Concorrem apenas cerca de 16 equipas e contra todas as expectativas, ganhámos nós (João Figueira, José Miguel Rodrigues, Luísa Rodrigues, Luís Miguel Fareleia e eu).
Há muito trabalho em Portugal. É relativamente fácil arranjar trabalho num escritório de arquitectura ou por conta própria. Dois anos passam de projectos de execução, burocracia e discussões com o cliente. A prática profissional revela-se incapaz de colmatar as expectativas, ainda que ingénuas, de alguém formado à sombra da “profissão poética”. Oiço falar de Ignási de Sola Morales. Decido investir o que ganhei na Luz nas propinas do Mestrado de Cultura Urbana – Metropolis – em Barcelona. Leio Guy Debord. Escrevo sobre os situacionistas. Acho que penso como os situacionistas. Começo a desenvolver os “projectos específicos para um cliente genérico” (Dafne Editora, 2007).
Dois amigos inscrevem-me numa entrevista para dar aulas na Universidade do Minho. O acaso, ou a “deriva”, leva-me a Guimarães em 1998. Entretanto: um projecto de uma piscina municipal cai com as eleições; vejo-me obrigado a anular um concurso público corrompido em Matosinhos; a crise que se começa a adivinhar, nos dois mil e qualquer coisa, invalida a construção de um bloco residencial na Figueira da Foz. Ao invés do lamento, concentro-me nos “projectos específicos” que começam a ganhar visibilidade pela curadoria de Pedro Gadanho e Luís Tavares Pereira na Bienal de Veneza.
O Bernardo Rodrigues escreve “Press is More” na página solta de um moleskine. De um momento para o outro, todos nós, da mesma geração exibimos mais facilidade em comunicar do que em construir (claro que uns mais do que outros). Do mesmo ano do Porto: Bruno Baldaia; Camilo Rebelo; Carlos Veloso; Nuno Merino Rocha; AS*Atelier de Santos; Atelier do Corvo; Bernardo Rodrigues… Heterogeneidade não falta. Para trás fica qualquer ideia ou escola de tendência.
Debates, conferências, revistas, imagens. Geração intermédia, que não se contenta com as tradicionais plantas, cortes e alçados, e que paradoxalmente não sabe fazer um 3D. Ainda assim, geração de imagens. Desenvolvo tese de doutoramento “Arquitectura como Imagem”, subjectividade e sedução, para exorcizar qualquer culpa.
Hoje, a crise que se instala pronuncia com mais veemência a dicotomia entre a prática profissional e a prática académica. Defendo que os “projectos específicos” são um compromisso entre o desenho e a teoria. Dizem-me que sou um “future artist”; “arquitecto artista”; “nem uma coisa nem outra”; evoco simplesmente as “novas oportunidades” na expressão de um governo igualmente desgovernado. Temos que estar atentos ao acaso. E a ironia feliz da coisa é que parece, sempre, que só agora é que vai começar. Ainda amo a arquitectura.
O objectivo do movimento projecta futuro é a aproximação dos estudantes de arquitectura ao trabalho e actividades exercidas pelos jovens arquitectos portugueses, promovendo assim uma ligação que parece ténue, pois permanece na sombra da admiração dos estudantes por arquitectos já com várias obras construídas e publicadas. Pretendemos assim criar pontes de ligação entre as várias gerações e também olhar o futuro com a certeza de que quem projecta futuro será quem constrói o presente. Paralelamente serão publicadas notícias sobre arquitectura realizada por todo o mundo que consideremos interessantes e que sirvam para mostrar aos estudantes e jovens arquitectos portugueses o que se anda a projectar lá por fora.
English:
The aim of the movement projecta futuro is the approximation of architecture students to work and activities carried by the young Portuguese architects, thus promoting a link that seems tenuous as it remains in the shadow of students admiration for architects already with various constructed and published works. We intend to build bridges link between generations and also look to the future with the certainty that those who projected future will be the people who build the present. At the same time will be posted news about architecture held around the world that we consider interesting and can be used to show Portuguese students and young architects what goes on out there.
Este blog Projecta para o Futuro... - In the future...
... entrevistas/conversas com alguns dos arquitectos com obras publicadas no blog... ... interviews / conversations with some of the architects with works published in the blog ...
Conferências 'I Love Beginnings' Mais Entrevistas
Visitas guiadas
Obra aberta (Marques da Silva)
Concursos - Contests
Museu Carro Electrico
Trienal Lisboa 2010
Cleveland Design Competition
Vartov Square Design Competition
Projecto de Requalificação dos Espaços de Usufruto Público da Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto
The Self Sufficient City: Envisioning the Habitat for the Future